Nesta atividade, você saberá sobre os usos, funções, meios, equipamentos culturais e espaços de circulação das músicas das matrizes indígena, africana e afro-brasileira e como as músicas são utilizadas em diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética ou ética.
Segundo informações coletadas com o professor indígena Luã Apyká, da Aldeia Piaçaguera (Peruíbe-SP), da etnia Tupi-Guarani Whandeva, os indígenas não usam muito o termo “música indígena”.
Eles preferem o termo “cânticos indígenas”, porque “música” é considerado muito genérico, e para o
indígena o cântico vem da alma e é uma forma de se conectar com seus ancestrais e com Nhanderu
(Deus em Tupi-Guarani). Na Terra Indígena de Piaçaguera, eles têm a Casa Grande que frequentam
todos os dias. É um espaço de aprendizagem e de contação de histórias sobre os antepassados, onde
conversam com os mais velhos (anciãos) da aldeia e se conectam com sua cultura e ancestralidade.
Nesses encontros, eles entoam cânticos que não necessariamente precisam significar coisas ou
palavras – em vários momentos são apenas sons emitidos pela boca, em que os mais velhos ficam na
frente cantando enquanto os outros seguem acompanhando. São esses encontros e esses cânticos que
fortalecem a comunidade, trazem coisas boas e afastam os espíritos malignos. São cânticos muito poderosos e ensinados por Nhanderu (Deus).
Existe também uma musicalidade muito forte entre mãe e filho, em que as canções de ninar criam
os primeiros laços entre eles. A música de ninar é muito poderosa e funciona como uma permissão para
a criança dormir e entrar em contato com sua ancestralidade.
Nos dias atuais, os indígenas têm acesso às novas tecnologias e às culturas do mundo contemporâneo, e com isso alguns afastamentos estão ocorrendo. Por exemplo, muitos jovens não participam mais
da Casa Grande porque comungam das convicções religiosas do mundo externo e que, agora, estão
dentro das aldeias. Mas a conexão ancestral é muito forte e eles acreditam que uma cultura passada de
geração em geração por mais de 3 mil anos não irá acabar assim. As aldeias vivem um momento de revitalização e fortalecimento linguístico e cultural.
A música para os indígenas vem do coração e é algo espiritual.
Acreditam ser algo real e verdadeiro, e não é apenas a contação de alguma circunstância, mas também uma oração e um ato de resistência cultural. Ela fortalece o coletivo, principalmente para o povo Tupi-Guarani, em que homens,
mulheres e crianças firmam seus laços através das canções.
Existem músicas para rituais onde todos cantam juntos, existem cânticos de brincadeiras, de convivência na selva, e as crianças brincam cantando.
Existem músicas específicas para rituais de batizados
e para momentos sagrados, como os que comemoram o Ano Novo, que para eles é na primavera,
quando se inicia o período de colheita e plantio.
Cada instrumento é um espírito e não pode ser tocado de qualquer maneira ou por qualquer
pessoa – existem os instrumentistas da aldeia que já nascem com esta habilidade. A maraca (chocalho)
é um espírito muito poderoso e representa Nhanderu segurando e protegendo o mundo; ele é tocado
apenas pelos homens. A taquara é um instrumento feito de bambu que é usado batendo no chão e é
tocado só pelas mulheres. A flauta, o tambor, o chocalho, a taquara e o violão são instrumentos poderosos e feitos com materiais da natureza.
A seguir você verá vídeos de canções africanas e indígenas.
Um comentário:
oi professor são só essas 5 questões
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